FEIRA DA LADRA
Na mais típica feira de Lisboa
Famosa pelas suas velharias
Põem-se ali à venda quase à toa
As coisas que são hoje nostalgias.
Ali naquela feira singular
Onde se vende apenas o passado
Há vozes de emoção a apregoar
Relíquias que são pedaços de fado.
Ali nesse recinto se enquadra
O que um dia serviu mas já não presta
Vendido por fim na Feira da Ladra
Destino derradeiro que lhe resta.
A que outrora foi preciosidade
É hoje com desdém ali vendida
Apenas pelo preço da saudade
Do valor que um dia teve em vida !...
Euclides Cavaco