Balada de Outono
Impiedoso Setembro …
Traz a balada de Outono
Que muda na folha as cores
Seduz e despe as flores
Num sestro de abandono...
Em toada persistente
As folhas , essas coitadas
Vão caindo lentamente
Das árvores amarguradas
Ao ficarem desnudadas
De cada folha cadente...
Será que uma folha sente
Na despedida a tristeza?…
Como dom da Natureza!…
E que em secreta amargura
Sofre, mas nunca se queixa
Como alguém que a Pátria deixa
Por destino ou desventura?!…
E em cada folha caída
Resta uma angústia profunda
Num frágil sopro de vida
A sussurrar moribunda:
Não fez sentido viver
Esta tão curta existência…
Outono… Sem clemência
Tão cedo me fez morrer!…
Autor: Euclides Cavaco